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Embolização Prostática

10 anos de Embolização Prostática – Resultados a longo prazo

O nosso grupo de radiologia de intervenção do Hospital de Saint Louis foi pioneiro em 2009 na utilização dos tratamentos por embolização no contexto específico da saúde do homem, no tratamento da hiperplasia benigna da próstata (HBP). 

Os tratamentos por embolização são utilizados já há muito anos em diferentes problemas de saúde, tendo sido reportados desde a década de 1970. Contudo, a sua utilização específica no tratamento de problemas de próstata, nomeadamente da HBP apenas foi iniciado em 2009. 

O nosso grupo foi um dos pioneiros a nível mundial na implementação da embolização das artérias prostáticas (EAP) no tratamento de doentes com HBP. Nestes últimos 13 anos, publicamos dezenas de trabalhos a demonstrar a segurança e a eficácia da EAP no tratamento de homens com HBP. 

Os nossos trabalhos serviram de orientação para muitos outros grupos numa escala global, de tal forma que a EAP no tratamento da HBP é realizada actualmente em todo o mundo. A EAP é um procedimento tecnicamente desafiante, sendo necessários médicos diferenciados em radiologia de intervenção para efectuar este tratamento de forma segura e eficaz.

A HBP é uma doença benigna da próstata, que se manifesta geralmente após os 50 anos de idade, podendo afectar até 70% dos homens aos 70 anos. 

Geralmente leva a um aumento do tamanho da próstata acima dos 30 cc ou gramas e acompanha-se de dificuldades na micção como:

  • jacto fraco;
  • jacto interrompido;
  • esvaziamento incompleto da bexiga;
  • ter de fazer força para urinar, urgência para urinar;
  • urinar muitas vezes de noite ou durante o dia; 

Estas queixas vão-se insinuando de forma progressiva num processo que pode levar anos a décadas. Ao contrário do cancro da próstata, a HBP não invade outros órgãos nem se dissemina pelo corpo, pelo que se trata de um processo benigno. 

Desta forma, a HBP geralmente não requer um tratamento urgente. Apesar de não ser um cancro nem um tumor maligno, a HBP pode afectar muito a qualidade de vida dos homens, pelo que frequentemente justifica uma abordagem terapêutica. 

A HBP pode ainda levar a complicações como: 

  • infeções urinárias de repetição;
  • retenção urinária (incapacidade em urinar a requerer algaliação)
  • obstrução renal;

Nestes casos um tratamento mais atempado poderá estar justificado.

Até à implementação da EAP, o tratamento dos homens com HBP passava pela medicação ou pela cirurgia. Havia a necessidade de criar uma opção terapêutica alternativa mais eficaz que a medicação e menos invasiva que a cirurgia. 

Múltiplos estudos desde 2009 provaram que a EAP é, de facto, uma alternativa minimamente invasiva segura e eficaz no tratamento dos homens com HBP sintomática. Contudo, fortes preocupações existiam relativamente à durabilidade do efeito do tratamento da EAP nos sintomas urinários dos homens com HBP. 

Vários estudos tinham demonstrado que a EAP é segura e eficaz a aliviar os sintomas urinários dos homens com HBP, levando a uma redução do volume da próstata nos primeiros 2-5 anos após o tratamento. 

Contudo, praticamente não existiam estudos a demonstrar os resultados a longo prazo da EAP, focando na necessidade de repetir a embolização, de cirurgia ou de medicação prostática 5 anos após a EAP.

Uma vez que o nosso grupo é um dos mais conceituados a nível global, com maior experiência e maior casuística no tratamento por EAP de homens com HBP decidimos rever os resultados ao longo de um período de 10 anos. 

Desta forma, pretendemos ajudar a responder a questões relevantes como: 

  • Quanto tempo dura o efeito da EAP? 
  • A EAP é eficaz em todos os doentes? 
  • Vou ter de fazer mais intervenções à próstata depois da EAP? 
  • Posso ser operado depois da EAP? 

Neste trabalho avaliamos 1262 homens submetidos a EAP na nossa unidade de radiologia de intervenção no Hospital de Saint Louis em Lisboa num período de 10 anos entre 2009 e 2019. 

Tivemos de excluir 11% dos doentes por não terem fornecido quaisquer dados de seguimento após a EAP; 3% foram excluídos por terem sido diagnosticados com cancro da próstata durante o seguimento; 1% foram excluídos por não ter sido possível efectuar a EAP. 

Desta forma incluímos na análise 1072 doentes. Destes homens, foi possível ter seguimento entre 1 e 3 anos em 900 doentes, aos 5 anos em 300 doentes e aos 8-10 anos em 150 doentes. Trata-se do maior estudo, com o maior tempo de seguimento publicado até á actualidade. 

Foi possível obter uma boa resposta com sucesso clínico após a EAP em 80% dos doentes aos 2 anos, 70% dos doentes aos 3-5 anos e 60% aos 6-10 anos após a embolização. Aproximadamente 31% dos doentes após a EAP necessitaram de retomar os medicamentos para a próstata. 

A taxa de re-intervenção prostática (incluindo a cirurgia prostática e a repetição da EAP) foi de 10% aos 2 anos, 20% aos 5 anos e 60% aos 10 anos após a embolização. A EAP foi repetida em 8% dos doentes aos 2 anos, 10% aos 5 anos e 20% aos 10 anos. 

A cirurgia prostática foi realizada em 5% dos doentes aos 2 anos, 10% aos 5 anos e 40% aos 10 anos. Em dois terços dos doentes submetidos a uma repetição da EAP foi possível evitar a cirurgia prostática, demonstrando o potencial desta opção na manutenção dos resultados a longo prazo. 

Este estudo reforçou, ainda, a segurança da EAP, com uma taxa de complicações severas de 0.3%.

Este estudo permitiu, assim, provar que a EAP é segura e eficaz no tratamento dos homens com sintomas urinários secundários à HBP com resultados duradouros a longo prazo. 

Será necessário realizar mais intervenções prostáticas em 20% dos doentes aos 5 anos e até 60% dos doentes aos 10 anos. A natureza minimamente invasiva com uma recuperação quase imediata e indolor deve ser contrabalançada com a possibilidade de mais intervenções nos 10 anos seguintes. 

Até um terço dos doentes poderá necessitar de utilizar medicação prostática após a EAP para controlar os sintomas urinários. 

Ao optar entre tratamentos para a HBP sintomática, nomeadamente a cirurgia ou a EAP, será necessário ter em conta que a natureza minimamente invasiva, mais segura, indolor e com recuperação mais rápida da EAP é contraposta pelos efeitos mais duradouros que a cirurgia apresenta, associados a uma maior redução volumétrica da próstata e a um maior aumento na força do jacto urinário. 

Em última análise, o ónus da decisão entre opções terapêuticas deve ser colocado no doente com HBP, após suficiente informação sobre as vantagens e desvantagens de cada modalidade de tratamento prostático.

Este trabalho foi premiado como o melhor trabalho científico num congresso Europeu de Radiologia de Intervenção dedicado a tratamentos por embolização e foi motivo de destaque na imprensa internacional: https://interventionalnews.com/promising-10-year-findings-on-pae-for-bph-presented-at-et-2022/

O trabalho foi publicado na revista europeia de radiologia de intervenção – CardioVascular and Interventional Radiology (CVIR) – podendo ser encontrado na sua totalidade em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35778579/

Dentro das causas mais frequentes de dores pélvicas e que possam ser tratadas por embolização por radiologistas de intervenção destacamos: miomas uterinos, adenomiose e varizes pélvicas (também conhecido como síndrome de congestão venosa pélvica).

Estas 3 doenças são algumas das causas mais frequentes de dores pélvicas e durante o ato sexual nas doentes em idade fértil, ou seja, durante a idade adulta até à menopausa.

adenomiose - dores durante sexo

Os fibromiomas uterinos e a adenomiose uterina podem ser tratados por embolização uterina, enquanto as varizes pélvicas podem ser tratadas também por embolização.

A embolização uterina melhora a função sexual feminina e a qualidade de vida. Um estudo Europeu de 2017 (EFUZEN) provou que a embolização uterina melhora de forma significativa todos os aspetos da função sexual feminina e a qualidade de vida das mulheres tratadas. No total, 264 mulheres foram tratadas por embolização uterina por terem fibromiomas uterinos e/ou adenomiose sintomáticos. Todas as mulheres realizaram uma Ressonância Magnética (RM) antes e 6 meses após a embolização uterina. Um ano após a embolização uterina, 79% das mulheres tiveram uma melhoria significativa da função sexual e mais de 90% tiveram uma melhoria significativa da qualidade de vida. Relativamente aos restantes sintomas como hemorragia uterina anómala, aumento abdominal ou dores pélvicas, 85% das doentes tratadas referiu ter tido uma franca melhoria das queixas.

A RM após a embolização uterina permitiu ver a resposta ao tratamento, redução nas dimensões dos miomas e do volume do útero e desta forma predizer os resultados clínicos a médio e longo prazo. Estes achados são pertinentes porque raramente a classe médica se preocupa com a qualidade de vida ou função sexual, aspetos fundamentais para quem procura assistência médica. Neste estudo ficou provada a estreita relação entre os fibromiomas uterinos, adenomiose e a disfunção sexual/qualidade de vida das mulheres. Além disso, ficou provado que a embolização uterina permite tratar os fibromiomas/adenomiose, melhorando de forma categórica todos os aspetos da função sexual e a qualidade de vida das mulheres.

O útero não precisa de ser visto meramente como um órgão para a reprodução que pode ser removido quando já não se deseja ter filhos. A embolização uterina permite tratar doenças uterinas e preservar a integridade corporal e uterina e, desta forma, melhorar a qualidade de vida das mulheres, preservando a feminidade.

Para saber mais sobre fibromiomas uterinos, adenomiose ou varizes pélvicas, tratamentos preservadores da função sexual, embolização e tratamentos minimamente invasivos, preencha o formulário abaixo e entre em contacto!

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      2025-02-18T16:54:19+01:00
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